
Kevin Martin, estrategista da equipe canadense de Curling
E, sem sombras de dúvidas, o esporte que mais chamou a atenção de todos foi o Curling(1), uma mistura de boliche com bocha e bilhar disputada sobre uma pista plana de gelo. Aposto que você também viu e, como eu e muita gente, parou diante da TV para entender o que era aquilo, não? Jogadores muito concentrados, com fisionomia de quem está jogando xadrez, mas arremessando pedras de granito bem pesadas (o que lembra o boliche) que devem acertar um alvo a cerca de 45m de distância (o que lembra o jogo de bocha). E vale colisão com as pedras do adversário para jogá-las fora do alvo (o que lembra o bilhar).E o mais divertido do Curling: até certo ponto a caminho do alvo, um ou dois jogadores podem "varrer" freneticamente o gelo com vassourinhas (foto abaixo). A varrição é feita à frente da pedra para alterar o coeficiente de atrito, controlando assim a distância por ela percorrida. Ou é realizada lateralmente, o que possíbilita alterar a curvatura da trajetória. São estes dois aspectos ligados ao atrito que vou analisar neste post. Vou deixar a questão da colisão entre as pedras para um próximo texto que publicarei nos próximos dias.
O Alcance da Pedra Lançada
O rink (campo de jogo) do Curling tem 4,75 m de largura por 45,5 m de comprimento desde a área de lançamento (a.l.) até o outro extremo onde se encontra o alvo dentro do qual devem ser arremesadas as pedras para pontuar como nos mostra a ilustração a seguir.
Duas hog lines são importantes na regra do jogo: a L (chamada de próxima) e a L' (distante). A pedra pode ser tocada somente até L quando então deve ser abandonada pelo atleta lançador. A pedra deve ultrapassar a linha L' ou será eliminada do jogo bem como será eliminada se sair fora do rink.
O sweeping, ato de "varrer" a pista de gelo, é permitido a dois atletas da equipe que lança a pedra mas somente até a linha paralela à L e à L' que passa pelo centro do alvo, chamada de tee line. A partir da tee line somente um atleta da equipe que lançou a pedra pode continuar "varrendo" o piso bem como está liberado a um atleta da equipe adversária "varrrer" o piso para atrapalhar a jogada ou favorecer o movimento de uma pedra da sua equipe que sofreu colisão.
Note que, ao fazer o lançamento, até a linha L, o jogador troca com a pedra de granito uma força F que nela imprime uma velocidade inicial V.
Se não houver nenhuma outra ação depois do lançamento, a pedra vai deslizar sofrendo apenas duas forças: C (contato entre a pista de gelo e a pedra) e P (peso, força de atração gravitacional da Terra sobre a pedra). Para facilitar o cálculo vetorial, "quebramos" a força C em seus dois componentes ortogonais: N (empurrão da písta de gelo sobre a pedra, na vertical e para cima) e A (Atrito de escorregamento entre o granito e o gelo, paralelo à pista e com sentido sempre contrário ao do escorregamento da pedra).
É mais fácil pensarmos apenas em N e A separados em vez de C. Veja:
Na prática N e P se anulam e "sobra" o atrito A, que é a força resultante que, sendo contra o movimento, breca a pedra. Como esse atrito é pequeno, a pedra vai perdendo velocidade lenta e gradativamente enquanto atravessa o rink percorrendo uma distância máxima d até parar.
O objetivo do jogo é colocar o máximo de pedras da sua equipe (vermelha ou amarela) no centro do alvo. Fisicamente falando, o objetivo é "calibrar" bem a jogada, fazendo a força F exata na intensidade, na direção e no sentido para que a pedra pare no centro do alvo. A pedra deve, portanto, percorrer uma distância d (de L até o centro do alvo) exata para atingir a meta de máxima pontuação. Note que, se a força F que impulsiona a pedra for pequena, ela pode nem atingir a linha L' e será desclassificada. Ou pode não chegar ao alvo, gastando uma jogada que não será pontuada. Se F for muito grande, a pedra pode ultrapassar o alvo e, da mesma forma, não pontuar. Pode ainda sair fora do rink o que também a desclassifica.
O que faz a distância d alcançada pela pedra ser maior ou menor? Vamos criar um modelo para responder esta pergunta:

- onde μ é o coeficiente de atrito cinético, uma constante adimensional que permite calcular o valor da força de atrito A em função do componente normal N.
- Sendo o atrito A a força resultante R, ou seja, o que resulta da soma de N com P e com A, pela Segunda Lei de Newton podemos escrever:
onde m é a massa da pedra e a a aceleração por ela adquirida como efeito imediato da ação da resultante R = A. - Considerando um atrito A constante (e desprezando a curva da trajetória) teremos um MRUR - Movimento Retilíneo Uniformemente Retardado para o qual vale a Equação de Torricelli:onde V' = 0 será a velocidade final da pedra lançada com velocidade V após percorrer uma distância d com aceleração a.

Substituindo V' = 0 na Equação de Torricelli podemos encontrar o módulo da aceleração a:
- Lembrando que a resultante R é o atrito A e substituindo os resultados acima teremos:

- Lembrando ainda que, se o componente normal N anula o peso P = mg, então N = mg e podemos, finalmente, escrever:

Note que acabamos de encontrar (destacada em vermleho) a distância d que a pedra vai percorrer se for lançada com velocidade V sobre a pista de gelo que, em contato com o granito, tem um coeficiente de atrito cinético típico bem pequeno(2) de valor μ.
Na expressão obtida para d, a gravidade g = 9,8 m/s² é um parâmetro físico constante e típico do nosso planeta que o atleta não pode manipular. Mas V e μ são parâmetros físicos que os atletas do Curling podem "ajustar". E é esse o jogo!
Note que na expressão obtida V está no numerador enquanto μ encontra-se no denominador. Assim, se V cresce, d também cresce, mas com o quadrado da velocidade V. Ao contrário, se o coeficiente de atrito μ cresce, d será menor.
Assim, para F que provoca V:
- Quanto maior for a força F durante o lançamento, maior será a velocidade inicial V da pedra. Consequentemente, maior será o alcance d da pedra. A pedra vai mais longe até parar.
- Quanto menor for a força F durante o lançamento, menor será a velocidade inicial V da pedra. Consequentemente, menor será o alcance d da pedra. A pedra vai anda menos até parar.
Conclusão 1: Escolher a força F "certa" é fundamental para uma boa jogada.
Mas ainda é possível fazer ajustes no coeficiente de atrito pós lançamento
- Quanto maior for o coeficiente de atrito μ, menor será o alcance d da pedra. A pedra caminha menos até parar.
- Quanto menor for o coeficiente de atrito μ, maior será o alcance d da pedra. A pedra vai mais longe.
Conclusão 2: O processo de varrição do gelo na frente da pedra faz μ ficar menor e, portanto, alonda a trajetória da pedra.
Deu para entender o modelo físico do atrito no Curling?
http://fisicamoderna.blog.uol.com.br/arch2010-02-28_2010-03-06.html








2 comentários:
vai intender esses calculos malucos para descobrir distancia forca velocidade sem ter noção do que e isso
Não sei quem é vc, mas deve ser mais um daqueles que pensa saber algo.
Saiba que aquele que pensa que é exatamente esse não é.
discutir?!? onde está se falando disse.
Esse artigo tem fonte. Vc não sabe ler.
http://fisicamoderna.blog.uol.com.br/arch2010-02-28_2010-03-06.html
Estou coorperando com a divugação do trabalho de um coléga.
Calouro?!?
Onde que bach. em teologia, lic. em ciencias extas e naturais - hab. física e aluno de bacharel com 4 anos atuando em magistério é calouro.
Não sei não meu querido. Reveja seus conceitos e se quer colaborar, começe se identificando.
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